Aeroporto do Galeão - 10 de outubro de 2006. Muita gente apressada, andando pra lá e pra cá. A voz suave no alto-falante anunciava os voos que chegavam e partiam. Tudo previsível, na mais perfeita normalidade – um dia, enfim, como outro qualquer. Para muitos, com certeza, não para mim! Esperei trinta e um anos para saborear aquela sensação incrível de que estava chegando ao Rio, como em muitas outras viagens, mas com uma grande e inacreditável diferença: agora era para ficar, voltar a morar nesta minha Cidade Maravilhosa, até quando não sei , até sempre, até quando Ele me chamar para o andar de cima, destino inexorável de todos nós ...
Sempre amei demais o Rio, minha cidade natal, a terra da minha infância e adolescência, dos meus pais vivos, do dia a dia feliz com meus irmãos, primos, tios e tantos personagens queridos que marcaram a minha formação de menina do Méier, com as melhores características da classe média dos subúrbios cariocas – gente simples, educada, esclarecida e decente.
A vida, porém, reserva surpresas ( às vezes muito legais até! ) . E eis que, “de repente, não mais que de repente”, ela me jogou nas águas de um outro rio – o Capibaribe. E assim vivi e fui muito feliz no Recife, também. Novos costumes, novos e grandes amigos, culinária maravilhosa, praias fantásticas, novos sotaques – sem dúvida, devo ao Recife e aos recifenses três décadas excelentes da minha vida e sempre estarei por lá!
Entretanto... As lembranças do Rio sempre doeram demais em mim, lembrança de tudo, de todos, dos lugares da minha terra, do Méier, daquelas ruas onde eu caminhava com os meus pais ( meu pai adorava sair abraçado comigo pelo bairro, e o mesmo orgulho eu sentia dele!).
Pessoas há que consideram uma insensatez alguém querer voltar a morar aqui no Rio, com toda a violência que tomou conta da nossa linda cidade. Realmente, o nosso Rio ainda está muito doentinho mesmo, mas quem deixa de amar alguém por estar doente?!
Sei que o Rio maravilhoso da minha infância não existe mais. Acontece que eu sou carioca, com muito orgulho, e amarei sempre apaixonadamente esta cidade. Acredito nela. Sei que ela pode voltar a ser aquela cidade linda e acolhedora que os cariocas de nascimento e o Brasil inteiro (carioca de coração) amam – a eterna e charmosa Cidade Maravilhosa, e capital honorária do nosso país!

