“Lady”demais para ser feliz...

Algumas mulheres vivem uma frustração que para as outras deve parecer uma grande bobagem, um sofrimento absolutamente tolo e incompreensível. Que bom para as outras que nunca souberam o que é querer realizar os desejos mais banais, e serem tolhidas ou deixarem-se tolher pela vida afora, absurdamente, por anos a fio -  tempo demais para alguém reagir.

 Bom demais as outras poderem dizer e fazer o que querem, sem medo de serem felizes, sabendo que, na pior das hipóteses, armarão apenas “um bom e saudável barraco”. Mas revelarão seus anseios e acabarão impondo-se como pessoas que também merecem ter seus gostos atendidos.

 Mas, afinal, por que algumas nunca foram assim, se sempre souberam o que deveriam fazer para serem felizes? Esta é a pergunta que não quer calar. E o pior é que este tipo de mulher sabe até a resposta: porque sempre foi educada demais, boazinha demais, “lady” demais para ser feliz.
 E foi em nome dessa educação (que lhes perdoem seus amados pais) que elas se tornaram mulheres completamente reprimidas: não estudaram para serem as profissionais que gostariam de ser, não exerceram jamais seu papel na sociedade, não ultrapassaram os muros de suas casas e jamais tiveram coragem de derrubar os muros que sua vidinha lhes impôs.

 Um dia, entretanto, a ficha cai e, depois de tantos anos perdidos de inútil frustração, eis que surge a dolorosa consciência - elas são as únicas responsáveis por tudo o que deixaram de viver. Ninguém nos oprime se não permitimos. E ninguém nos segura se decidimos reagir. Temos o comando de nossas vidas, mas às vezes ou não sabemos disso, ou demoramos demais para assumi-lo.

 Pena que a vida não permite rascunho, para podermos errar, corrigir e passar a limpo a nossa história. Por outro lado, nunca é tarde para perceber que, se conseguirmos realizar nossos desejos mais singelos, com certeza estaremos  aptos para uma existência realmente feliz.

 Eis, portanto, uma das boas lições que a vida ensina através de mulheres educadas demais: ser “lady” só tem serventia na Família Real Inglesa. Para uma mulher ser feliz, ela tem que ser muito mais – tem que ser apenas uma mulher, com erros e acertos, e a liberdade de vivê-los em plenitude. 

Logo, abaixo a “lady” e viva a mulher de verdade ( que não é a Amélia...)!


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